Ontem eu
conversei com você pela segunda vez. Talvez não tenha sido realmente uma
conversa. Quantas palavras, quantas sentenças precisam ser trocadas entre duas
pessoas para que se estabeleça uma conversa de verdade?
“Não
pense, apenas faça.”, eu disse a mim mesmo.
Eu
simplesmente te perguntei se você poderia fechar um pouco a janela. Você respondeu
que sim. Eu comecei a fechá-la e você levantou a mão para fazer o mesmo. Eu
adoraria poder dizer que nossas mãos se encontraram, se tocaram, que nós nos
olhamos, que o tempo parou e que foi mágico. Mas nada assim aconteceu.
Sinceramente,
eu só queria falar com você. Qualquer coisa. Então eu inventei uma desculpa.
Mais uma desculpa. Eu sempre faço isso. Grandes planos para falar com você. São
apenas planos. Eles nunca ultrapassam o campo imaginário.
Mas eu
bebi meu medo na última vez. Meu coração poderia ter causado um acidente na via
por onde transitam meus sentimentos. Eu sempre soube que nunca seria um bom
piloto. E é por isso que eu me recuso a aprender a dirigir.
Mas estou
cansado de ficar acomodado em minha zona de conforto. Então vou começar a beber
cada resquício de covardia. Apenas para trocar mais duas palavras com você.
P.S.: Foi melhor que a
primeira conversa. Bem melhor! Acho que estou ficando bom nisso.
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