Sabe,
ontem eu fui ao Centro.
Parte de
mim estava com muito medo. Ir ao médico... sozinho... A gente cresce e é
apresentado a um novo mundo totalmente diferente. E a gente precisa se
acostumar rápido com ele. E, pra ser sincero, eu mal tentei.
A outra
parte estava muito animada. Eu me deitei cedo e dormi tarde. Meu coração batia
muito depressa e uma música em particular tocava em minha cabeça. Eu não
conseguia dormir, não conseguia esconder a felicidade, o entusiasmo, a
excitação, e, é claro, o sorriso insano em meu rosto. Eu fiz planos: passar por
aquela rua, aquela onde as pessoas que eu amo tanto moravam; passar por aquela
praça, a praça mais... qual é a palavra?; ouvir a música que tocou praticamente
a noite inteira em minha cabeça; sorrir, relembrar, admirar, me impressionar, chorar...
No começo,
quando entrei naquela rua nostálgica, tudo parecia o mesmo. O sol, o calor. Mas
não as casas; substituídas por construções feias e luxuosas. Eu passei pelo
lugar que um dia foi a loja onde eu comprei aquela revista do Harry Potter; passei
pelo lugar que um dia foi a locadora onde eu alugava constantemente o filme dos
Ursinhos Carinhosos; passei ao lado do que restou do muro que um dia pertenceu
à casa da minha avó; a casa dos meus primos. Todos os lugares... demolidos ou
abandonados. E, além disso, a música errada tocava em minha cabeça.
A passagem
pela praça foi rápida, despercebida, ofuscada. Acho que porque eu estava
desanimado com a experiência anterior.
Eu tinha
um texto completamente diferente em mente. Mas, depois de tudo o que aconteceu,
ele se transformou neste texto.
Mas ainda
me resta uma coisa. Uma única coisa. A única que nunca poderão tirar de mim.
Nunca! Minhas lembranças.
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